Toda pertinácia seria o esforço por dar o
volume máximo
À única chance de grito de alerta.
Sabe?
Gosto de poemas sem títulos:
Começam de repente, sem se apresentar, sem
pedir licença,
Como o grito de alguém na
rua que acorda todo mundo dentro da casa
Ou os passos furtivos de
alguém que chegou tarde ou não devia estar ali
E fez latir os cães de ponta
a ponta por trás das grades fechadas.
Antes gostava da ideia de
cada livro ter apenas um único exemplar de uma única edição
E o mesmo para discos,
danças, peças de teatro.
Tudo deveria ser único
como os quadros e as esculturas que não tiveram cópia,
Mas, naturalmente, nada
deveria trazer a sua assinatura.
Tudo deveria ser único
Apenas
Por ser único.
Assim, veríamos, em tudo,
a confissão desesperada de cada segundo que passa.
[airton uchoa neto]
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