sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Toda pertinácia seria o esforço por dar o volume máximo
À única chance de grito de alerta.
Sabe?
Gosto de poemas sem títulos:
Começam de repente, sem se apresentar, sem pedir licença,
Como o grito de alguém na rua que acorda todo mundo dentro da casa
Ou os passos furtivos de alguém que chegou tarde ou não devia estar ali
E fez latir os cães de ponta a ponta por trás das grades fechadas.
Antes gostava da ideia de cada livro ter apenas um único exemplar de uma única edição
E o mesmo para discos, danças, peças de teatro.
Tudo deveria ser único como os quadros e as esculturas que não tiveram cópia,
Mas, naturalmente, nada deveria trazer a sua assinatura.
Tudo deveria ser único
Apenas
Por ser único.

Assim, veríamos, em tudo, a confissão desesperada de cada segundo que passa.

[airton uchoa neto]

Nenhum comentário:

Postar um comentário