o cartomante ateu
cansado do destino e
de destinos
deseja
que as coisas não se
sucedam mais em narrativas
todos morrem em prosa
ou dormem
predominantemente
dormem
ele deseja
não mais essa morte
presente de cada segundo perdido
essa ampulheta movida
a cinzas de cigarro
antes o tempo
estático e intenso da poesia
onde tudo está
acontecendo em vários agoras que se convivem
mesmo que ninguém
veja
ou em pedras imóveis
da zona da mata de Pernambuco
que não se importam
com ser vistas
mas foi necessário
ler mais uma vez esse livro movediço
(na versão de Arthur
Edward Waite, presente de mme. Macambira)
e no embaralhar caiu
a carta que diz Mago
o cartomante ateu
tomou meio copo de cerveja na noite de Fortaleza
e baixou a cabeça
na outra mesa duas
moças se beijavam
[airton uchoa neto]
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